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Projeto do Bem-Estar Nacional - Pesquisa vai mapear o que faz os britânicos mais felizes

02/04/2011 - 07h00 / Atualizada 02/04/2011 - 07h00

Reino Unido vai medir a felicidade da população

Do UOL Notícias 
Em São Paulo
  • Pesquisa vai mapear o que faz os britânicos mais felizes
    Pesquisa vai mapear o que faz os britânicos mais felizes
A partir desde mês, cerca de 200.000 pessoas que moram no Reino Unido vão responder a uma pesquisa que vai avaliar o grau de satisfação de cada um, de 0 a 10, a respeito da vida. Por mais subjetivo que possa parecer, o levantamento, organizado pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês), vai mapear o que faz os britânicos mais felizes, e assim medir o grau de “bem-estar” da população.
A consulta faz parte do National Well Being Project (Projeto do Bem-Estar Nacional), e segundo o comunicado do departamento sobre a pesquisa, a ideia é comparar os indicadores de bem-estar aos indicadores econômicos do país.
O levantamento inclui quatro perguntas: “Quão satisfeito com a sua vida você está, ultimamente?”, “Quão feliz você se sentiu ontem?”, “Quão ansioso você se sentiu ontem” e “Em até que ponto você acha que as coisas que você faz são válidas?”, elaboradas com a ajuda de especialistas e organizações ligadas ao bem-estar.
As respostas serão comparadas a outro pequeno levantamento, feito com mil adultos que responderão todos os meses a questões mais específicas sobre bem-estar.
O diretor do programa, Paul Allin, disse que as informações serão publicadas de acordo com a variedade de respostas dadas por diferentes grupos e pessoas de diferentes idades.
“Queremos produzir resultados consistentes, mas inicialmente vamos tratar a pesquisa como experimental. Há mais trabalho a ser feito para saber se as perguntas funcionam e que avaliam as políticas públicas e outras necessidades, bem como assuntos internacionais”, disse Allin.
O primeiro-ministro britânico aprovou a pesquisa. Em um discurso feito em 25 de novembro, o premiê David Cameron disse que “descobrir o que realmente melhora a vidas das pessoas e agir sobre isso é algo sério para o governo”.
“Essa nova amostra tem um objetivo prático. Primeiro, abrir o debate sobre o que realmente importa para a sociedade – não apenas na política, mas sobre o que influencia suas vidas. Segundo, essa informação vai ajudar o governo a trabalhar, com clareza, nas melhores formas de melhorar o bem-estar das pessoas”, disse Cameron.
O primeiro balanço da pesquisa deve ser divulgado em um ano, ou seja, os britânicos saberão o nível do seu bem-estar só em abril de 2012. Até lá, muita coisa pode mudar.
“Novas pesquisas podem ser um jeito poderoso de entender o bem-estar das pessoas de diferente lugares, idades, grupos em todo o país. Mas nós queremos fazer mais do que isso. Precisamos mostrar um retrato de como o ambiente, saúde, educação entre outros, interferem na vida das pessoas”, disse Jil Matheson, estatística e chefe do ONS em novembro do ano passado, ao anunciar a pesquisa sobre bem-estar dos britânicos.
Em entrevista à BBC, Matheson, disse que "não há escassez de números que possam ser usados para criar medidas de bem estar, mas não terão sucesso se não forem aceitas e compreendidas". Ela explicou que o estudo vai envolver "uma avaliação do próprio povo sobre o seu bem estar", assim como "outros indicadores dos fatores determinantes".
Desde 2010, diversos eventos estão acontecendo no país para levar a conhecimento do público o levantamento, alvo de críticas de diversos setores, principalmente pelo seu custo, estimado de £2 milhões (quase R$ 5.5 milhões).
No blog criado pelo departamento para que as pessoas postem o que é importante para o seu bem-estar, família, saúde e amigos são as respostas mais frequentes,
Os resultados estarão disponíveis para todas as organizações governamentais e comerciais, para que na hora de definir campanhas, produtos, entre outros, eles possam se basear em algo além dos indicadores econômicos, diz o departamento de estatística.
Outros países já realizaram ações para medir a felicidade da população. O governo do Butão, país asiático localizado ao sul da China, tornou-se referência ao criar o Índice de Felicidade Interna Bruta (FIB), em 2006, levantamento que mede o desenvolvimento a partir da felicidade demonstrada pelas pessoas, a partir da garantia de seus direitos sociais.
O exemplo foi seguido pela Tailândia, que em janeiro de 2007 lançou o seu "índice de felicidade", baseado em fatores como esperança de vida, satisfação trabalhista, saúde, relação familiar, segurança cidadã, liberdade individual e igualdade de direitos para os dois sexos.
No Brasil, a ideia que mais se aproxima dessa proposta foi apresentada pelo senador Cristovam Buarque (PDT-RS), em 2010, para incluir o direito à busca da felicidade na Constituição brasileira.
O senador explicou que não busca garantir por lei a felicidade aos brasileiros, já que isto seria impossível. Mas disse que com a alteração, o Estado seria obrigado a reconhecer que alguns direitos são essenciais à sobrevivência. A proposta ainda aguarda votação.

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