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Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) - Desocupação dos jovens

103, 4 mil jovens não estudam nem trabalham
19/11/2010 Clique para Ampliar
A evasão é mais complicada no nível médio de ensino, onde a ausência dos jovens na sala de aula chega a 62,8%
FOTO: JULIANA VASQUEZ

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Cerca de 14,2% da população juvenil não estudam, não trabalham e nem buscam emprego, segundo estudo do IDT

Dos 728 mil jovens com idade entre 15 e 24 anos residentes na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) em 2009, 395,3 mil - o equivalente a 54,3% -, não frequentam a escola. Cerca de 14,2% da população juvenil ou aproximadamente 103,4 mil jovens não estudam, não trabalham e nem buscam emprego. Os que se encontram nessa condição de inatividade representam a parcela da juventude de maior risco social, 42% ou 43,4 mil pertencem à faixa 40% mais pobre da população.

Os dados são do estudo "Educação e Trabalho Juvenil em um contexto de crescimento econômico: a realidade do Ceará", do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), que foi divulgado ontem pela manhã na Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade da UFC (Feaac).

De acordo com o analista de mercado do IDT e realizador da pesquisa, Mardônio de Oliveira Costa, o estudo evidencia a forte relação entre a baixa escolaridade e a pobreza no Ceará, apontando que o combate à pobreza no Estado passa pela implementação de políticas públicas voltadas ao fortalecimento da educação.

O objetivo maior do trabalho, conforme Mardônio Costa, foi saber como os jovens estão se apropriando do crescimento econômico que vem ocorrendo no Estado nos últimos anos. Os dados servirão de subsídios para nortear ações governamentais. Segundo ele, o documento será enviado a órgãos do governo do Estado, começando pela Secretaria da Educação.

Para o analista do IDT, já é consenso que a educação no Brasil precisa avançar qualitativamente, mas os indicadores do Estado estão abaixo da média nacional, com base nos dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

"Não tenho dúvida que a baixa qualidade do ensino impulsiona a evasão nas escolas. O número médio de anos de estudo da população a partir de 10 anos de idade na RMF é de apenas 7,4 anos. E a média do Ceará ainda é menor: de 6,1 anos", destaca.

Evasão

Conforme a pesquisa, a evasão escolar é mais complicada no nível médio de ensino, em que a ausência dos jovens na sala de aula chega a 62,8%. "Grande parte dos jovens fora da escola está no mercado de trabalho, exercendo atividades precárias, alimentando a perpetuação da pobreza. Dos 395,3 mil jovens da RMF que estão fora da sala de aula, 59% trabalham e 15% estão em busca de trabalho. Apenas 26% estão inativos", reforça o pesquisador.

A divisão do tempo juvenil, entre escola, trabalho e inatividade está apresentada da seguinte forma: 88,8 mil (12%) trabalham e estudam; 243,9 mil (33%) somente estudam; 200,8 mil apenas trabalham; e 23% não trabalham nem estudam.

O estudo mostra ainda que, no universo de 194 mil desempregados, os jovens de 15 a 24 anos respondiam no ano passado por 48,4% do total de desempregados, totalizando 94 mil jovens em busca de uma vaga no mercado, com um tempo médio de procura de trabalho de quase nove meses. Em relação à ocupação, com base na Pesquisa de Emprego e Desemprego da RMF 2009, a participação juvenil foi pequena: 20,7%.

Pobreza

Na RMF, a proporção de jovens de 15 a 24 anos pertencente à famílias com renda per capita mensal de até meio salário mínimo (R$ 232,50) foi de 48%, em 2009. Portanto, 48% dos jovens da RMF são pobres (351,6 mil).

A taxa de pobreza absoluta entre os jovens de 15 a 17 anos é ainda maior, em torno de 59%. Para os jovens de 18 a 24 anos, a taxa estimada é de quase 44%.

Para cada jovem de família com renda per capita mensal superior a dois salários (7,5%), há 6,4 jovens de famílias com renda per capita mensal de até meio salário (48,3%).

No universo juvenil, 8,4% deles são chefes de família (61,5 mil jovens) e, dentre os jovens que são chefes de família, 24,1% pertencem às famílias do quinto inferior (as 20% mais pobres).

ÂNGELA CAVALCANTE
REPÓRTER

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