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CEPAL - América Latina e Mudanças Climáticas

Cepal utiliza metodologia da síndrome de mudança climática





Por Sucena Shkrada Resk
 - twitter.com/SucenaSResk - Blog Cidadãos do Mundo -www.cidadaodomundo.blogse.com.br 


A Comissão Econômica para a América Latina e Caribe da Organização das Nações Unidas (CEPAL/ONU) adota hoje a Metodologia da Síndrome de Mudança Climática e sustentabilidade, que foi desenvolvida pelo Postdam Institut for Climate Impact Research (www.pik-postdam.de), para atuar na região. Projetos estão sendo desenvolvidos na Argentina, Colômbia e México, sob esse modelo de sistema.
“É um instrumento que tem a relevância de reconhecer as causas de mudanças no meio ambiente, ao promover a seleção de plataforma de indicadores e envolver diversos stakeholders”, diz o Doutor em Economia, Andrés Schuschny, da Divisão de Recursos Naturais e Infraestrutura, da Cepal, em Santiago, no Chile. Ele foi um dos palestrantes do Simpósio Internacional de Mudanças Climáticas e Pobreza na América do Sul, realizado pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP), neste mês.
Segundo o especialista, nesse sistema, primeiro foram identificados os problemas centrais das mudanças globais, como mudança climática, degradação do solo, perda da biodiversidade, escassez e contaminação das fontes de água potável, dos oceanos e incidência crescente dos desastres naturais pressionados pela ação antrópica.
Ao todo fizeram a descrição de 16 síndromes globais. Entre elas, está a do desenvolvimento, que tem a ver com a economia. “Nessa síndrome, se constata a deterioração das paisagens naturais, como resultado de projetos de grande escala, degradação por métodos agrícolas inapropriados e por causa do crescimento urbano descontrolado, além da síndrome da favela, dos Tigres Asiáticos, ....e de grandes acidentes, como Chernobyl”, explica.
Nesse modelo, também existe a síndrome do sumidouro, que está relacionada à chamada síndrome da chaminé e da terra contaminada. “Dependendo do local, em que se é aplicada a metodologia, são investigados quais itens têm maior relevância e urgência”, diz Schuschny.
As esferas de intervenções são divididas entre as biosfera e atmosfera, instâncias hidrológica, demográfica, dos solos, econômica, de cultura, de organização social e de inovação. “Isso quer dizer que são incorporadas as principais pautas da problemática socioambiental. E aí vai se fazendo as relações mais aprofundadas e o cruzamento entre essas áreas, para se encontrar as causas dos problemas. A proposta é quebrar o ciclo vicioso”, expõe o economista.
“Na Argentina, sobre a região dos Pampas, por exemplo, houve o diagnóstico de uso crescente das terras para cultivos agrícolas, além de intensificação do monocultivo”, relata Schuschny.
De acordo com o economista, houve aumento de mais de 70% da superfície agrícola entre 1988 e 2002. O monocultivo da soja é mais de 90% transgênico. Quanto a impactos ambientais, há prognósticos de erosão severa e diminuição de rendimento entre 30 e 40%, por exemplo. “A intensificação da soja causou efeitos sociais, como perda de emprego rural. É uma grande teia de relações”, analisa.
No âmbito de países da América Latina e Caribe, a Cepal já produziu 14 informes de avaliação de desastres, segundo ele. “Foram observados 13 fatores recorrentes e proposta a síndrome de vulnerabilidade como ponto de partida para negociações. Foi previsto o incremento de ocupações em áreas de riscos, relacionadas ao aumentos de afetados por desastres”, diz. Em sua avaliação, hoje ainda há pouca comunicação entre os setores acadêmicos e estruturas de governo, como também falta de alerta aos riscos e meios de prevenção, nessas circunstâncias.
Segundo Schuschny, há prós e contras ao se adotar essa metodologia, por isso, é necessário haver redução de redundâncias, para que o instrumento possa ser aplicado, e não exista conflitos entre escalas locais e nacionais. “Caso houver um ‘mal desenho’, pode resultar em dados confusos ou reduzir a complexidade do tema. Se a sociedade não valida o indicador, não tem sentido”, considera. O gargalo, em sua opinião, ainda é a ausência de informação básica e a falta de consciência ambiental.
Mais um aspecto a se considerar nas análises, é a identificação de variáveis quanto a indicadores, como também definir marco conceitual e tratamento de dados perdidos. “O tema de mudanças climáticas está relacionado a áreas protegidas, de cultivo com fertilizante e pesticidas, quantidade de espécies ameaçadas, áreas degradadas, afetadas por desertificação e proporção de áreas com florestas”, afirma.
Nessa escala de aprofundamento, são avaliados os recursos hídricos disponibilizados, qualidade das águas, estado de contaminação e tratamento de águas residuais. Com relação aos oceanos, população vivendo em áreas costeiras, peixes em limites biológicos seguros. No campo da atmosfera, as emissões de CO2, consumo de substâncias que esgotam a camada de ozônio e concentração de contaminação do ar.
Ao se pesquisar desastres naturais, são levantadas áreas propensas para as ocorrências, como também números e tipos, prevenção e respostas os mesmos.
São avaliados ainda padrões de produção e consumo sustentável, no tocante a materiais, intensidade de uso energético, fontes renováveis, proporção de tratamento, transporte terrestre, aéreo, serviços sanitários, água potável, acesso à energia e condições de vida das pessoas vivendo em favelas, entre outros.
Para completar o ciclo, a gestão ambiental é mais um aspecto priorizado. “São apuradas as companhias com ISO 14001, feitas avaliações de indicadores de informe de estado ambiental, sistemas de informação, convenções internacionais e financiamentos”, explica o representante da Cepal.

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