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História das experiências com biocombustíveis

Petrobras levanta experiências com biocombustíveis, desde o século XIX

Durante palestra, no espaço Campus Verde, dentro da Campus Party, em São Paulo, João Norberto Noschang Neto, gerente de Gestão Tecnológica da Petrobras Biocombustível falou sobre a trajetória dos biocombustíveis e de outras fontes de energia limpa, que vem desde o século XIX e ainda requer muitos anos para aprimoramento tecnológico


Sucena Shkrada Resk - Edição: Mônica Nunes
Planeta Sustentável - 19/01/2011

Os temas ‘energia limpa’ e ‘biocombustível’ começaram a chamar mais a atenção da comunidade científica e do público no século XX, mas os estudos e primeiras experiências, por incrível que pareça, são do século anterior. O geólogo João Norberto Noschang Neto, gerente de Gestão Tecnológica da Petrobras Biocombustível*, contou que, em 1839, o cientista britânico Sir William Grove (1811–1896) inventou a primeira célula de combustível, que combina hidrogênio e oxigênio para criar eletricidade. “Hoje, o desafio para implementação está no armazenamento e no transporte”. Exatamente 172 anos depois, podemos ver o registro do primeiro ônibus a hidrogênio brasileiro, que começou a circular no país, em 17 de dezembro do ano passado (Leia reportagem), em São Paulo. 

Segundo o geólogo, existem outros momentos que podem ser considerados importantes nessa trajetória, como em 1853, quando houve a primeira produção de biodiesel de óleo vegetal. “No ano de 1925, a empresa Ford apresentou veículos movidos com motor à diesel e a álcool e, em 1937, foi registrada a primeira patente de biodiesel no Brasil”. Entretanto, somente há uma década, o combustível começou a ser produzido em escala, na Alemanha. “Isso ocorreu após a queda do Muro de Berlim, para também gerar renda e emprego no campo, na Europa”, contou o especialista. E, hoje, grande parte da frota de veículos é composta com modelos Flex. 

Com essa síntese histórica, Neto afirma que isso comprova que os biocombustíveis não são um assunto novo, como muitas pessoas consideram, e o processo de aprimoramento de tecnologia ainda continuará por um bom tempo. “Aqui, no Brasil, produzimos biodiesel principalmente de óleo de soja e ainda com algodão e sebo bovino. O desafio maior é torná-lo viável com pinhão manso”. 

Outra matéria-prima com a qual também é encontrada dificuldade para produção, de acordo com o gerente, é o coco de babaçu, devido à complexidade socioeconômica que envolve o processo. Ele é colhido por quebradeiras, que geralmente não têm posse da terra. O óleo de babaçu também foi base da bomba de Napalm (armamento militar)”, explicou. 

O aspecto socioeconômico do tripé da sustentabilidade é outro aspecto que não pode ser desconsiderado na produção dos biocombustíveis, na análise do geólogo. “Atualmente cerca de 55 mil famílias que trabalham com agricultura familiar estão envolvidas no projeto de produção de biodiesel, na empresa. Incentivamos o cooperativismo e a orientação desses agricultores para novas tecnologias no campo”. Para isso, atuam aproximadamente 200 técnicos agrícolas, segundo ele. 

Nessa corrida para implementar inovações no setor, Neto acrescentou que, hoje, se investe em etanol de segunda geração, proveniente do bagaço da cana. “Em 2013, deveremos inaugurar a primeira unidade industrial”. 

NOVAS TENDÊNCIAS 
O gerente de Gestão Tecnológica da Petrobras Biocombustível também considerou, durante a palestra na Campus Party*, que os veículos elétricos terão representativo espaço no mercado brasileiro. “ Atualmente os desafios se referem ao custo das baterias e necessidade de maior armazenamento de energia. Mas daqui 20 anos, acredito que boa parte da frota será movida à eletricidade”. 

Outra aposta importa, para o executivo, é nas microalgas. “Há cerca de 3 mil espécies no mundo e conhecemos 300. Algumas podem produzir etanol de forma direta e óleos. Também seqüestram CO2 e têm capacidade de limpar as águas. Neste ano, deveremos inaugurar seis tanques, no RN, para pesquisas”. 

Para todas as pesquisas em desenvolvimento na Petrobras, Neto contou que a chamada bio-informática tem sido cada vez mais utilizada. “Contamos com a parceria com 15 universidades e com a Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária*”. 

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